Naquele tempo éramos rosa choque
Metáfora do amor agudo
Duas mãos, dois sorrisos, dois corpos ao toque
Toda a presença confortante do diálogo mudo.
Alcançamos o êxtase do branco celestial
Paz completa, segurança pro meu peito
Na certeza de um sólido respeito primordial
Encontro Deus e agradeço, pelo alívio com que me deito
Esmorecemos para o azul do céu
Sonhos revirando agitados como o mar
No içar das tuas velas nosso beijo perde o mel
Eu espero a tormenta passar
No verde esperança
Guardo as lembranças coloridas
Tempo de amor, tempo de bonança
Enlaçando as nossas vidas.
Caímos no démodé, old school
Preto & branco Existe charme no cru?
Sem maquiagem colorida, conhecemos a rotina sem encanto
(“sinto muito”;”sinto tanto”)
A paixão ficou cinza
Virou copo quebrado, jornal bagunçado
O amor conhece as fases, sente o clima
Esperamos seu novo tom, impacientes e emburrados
Ele vem em tom pastel, delicado
O que era ímpar já se tornou banal
Os carinhos só ficaram no nosso retrato desbotado
Descobri num espasmo que com o tempo até a tinta julgada especial descolore e se desmancha igual.
Espumamos no vermelho
Ouço gritos, vejo choro, a porta batendo...
Aonde foram os abraços, os risos, os conselhos?
O meu vermelho coração só se remoendo...
Chega o enfim fim preto
Toda dia da sua ausência é escuro.
A minha solidão inaceitável vem em tom negro
Percebi, já tarde demais, que não existe amor puro.
É aquarela de fases e momentos
Que precisam ser vividos cor a cor
Pois sem os desfoques e desbotes
Não aprenderíamos a colorir o amor!
(E a entender que ele atravessa a ponte
Mas que toda cor pode ser fonte
De uma interpretação.
Que com um pouco de resignação
Tudo se enfrenta, tudo passa
É uma questão de cuidar do coração)
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