Revivo, reviro, renasço, recorte.
Vira, desvira, sangra o corte.
Vento sul, vento norte.
Passam por aqui.
E eu, a morte, sem destino.
Elegi você
Para ídola, musa, mulher, desejo, loucura.
(amor é desrazão)
Colei teu retrato na parede
Brancura na imensidão.
(Ventura da solidão)
Te observo, te cerco
Na minha boca dorme o seu nome.
Gana, tesão, necessidade, fome!
É meu manifesto.
Cada palavra que cai no papel
Ao se juntar e girar
Constrói minha torre de Babel.
Infinito particular aonde eu me tranco.
O meu canto.
Mas lá vem você, etérea
Invadindo o meu mundo
O choque do seu cheio de donzela
Esbarrando com meu odor imundo.
Que bom que você veio!
Te busquei em sonhos!
Te construí castelos!
Sei desde já, que você vai embora.
(sempre vão, aprendi)
(não me ensinaram, mas aprendi.)
Mais: Cansei de esconder o coração.
Se ele pulsa – que pulse!
Repulsa. Que pulse!
Que seja pela dor do desejo vão.
(“viver é desejar,desejar é sofrer”)
Eu desejo você.
Sua carne, seu pensamento, seu desejo.
Tudo meu. Tudo mesmo.
Minha virgem blasé.
O rosa claro da minha amplitude cinza.
Você se cansa.
Fecha a porta e vai embora.
Hora. Demora. E agora?
Não choro. Sabia que seria assim.
A minha vida é sempre o fim.
Você foi
Mas já ficou.
Me deu cicatrizes, novas feridas
Abertas, com moscas e sangue, umidecidas.
Não serão esquecidas.
(Nunca!)
A culpa é minha.
Deixei você entrar e sair
Da minha vida, do meu lar.
Você, mocinha.
Parta-te daqui
(Não, não só de fora, mas de dentro de mim)
Você é a coisa mais fútil que já vi.
(Foge! Foge do amor, da dor, da vida! Vai, covarde)
(Vai viver o seu efêmero e breve, vai.)
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