Eu nunca dancei ballet - e acho que por isso, cresci um pouco menos fresca do que o resto das mulheres (desculpem bailarinas, desculpem mulheres). Apesar disso, eu sempre (enquanto adolescente) fiz projeções para uma eu-mesma futura, como uma moça bem vestida e de saltos altos desfilando com sua elegância casual por aí. Lenda.
Lenda, lenda, lenda.
Eternamente amada é a pessoa que colocou as sapatilhas na moda, que jogou em algum editorial de moda e disse que era tendência, que disse que combinava com tudo, que vestia os pés cansados com elegância - é que, quanto mais eu envelheço, mais eu fujo do salto alto. É, eu sei, também queria ser feminina, mulher-fatal, a-desejada, e tal.. mas o salto alto me dá preguiça demais. Entre conforto e beleza, eu e minha pouca vaidade, selamos um acordo silencioso: conforto. Entre a liberdade dos meus movimentos e o desejo de todos os homens fetichistas, olá liberdade de movimentos, bievenida ao clube! Tem sapatilhas lindas também, ué. De strass, de bolinhas, de coração, de couro preto e laços, sapatinho boneca de muitas cores. Pra todos os gostos. Obrigada senhor.
Eu sou do tipo que senta na grama pra conversar - sapatilhas são mais despojadas. Eu sou do tipo que dança com os amigos - sapatilhas prejudicam menos os pés deles. Eu sou do tipo que carrega o irmão no colo, minha coluna agradece as sapatilhas.
Outra vantagem das sapatilhas? Com elas, eu piso perto do chão. E assim sendo, o risco do tombo é menor. Com elas, eu sei aonde estou pisando, não me engancho nas armadilhas do terreno, não me elevo frente aos outros, não pareço superior. Só não calço as sapatilhas do ballet, porque, não tem jeito, eu bem que tento, mas esse rosa româncito parece que não gosta muito da minha companhia e sempre tem que me deixar com essa sensação de que eu sou uma farsa. Podia ser triste, mas eu nem gosto de música clássica, mesmo.
Ser pé no chão, definitivamente, nesse momento, é a minha maior tendência.
Blogs amigos