Sexta-feira, 13 de Março de 2009

Intimidade eu sempre tive foi com as palavras. Desde pequenininha eu já era falante, ainda que balbuciante. E desde sempre, tento fazer da minha arma mais forte - a palavra - uma extensão do meu sentimento, quero palavras que abracem as pessoas que eu amo quando meus braços não podem abraça-las. O resto das intimidades virou uma construção contínua mesmo. Mas, eu posso ser a exceção até, mas eu adoro intimidade, acho intimidade uma delícia. Não existe nada mais compensatório do que simplesmente poder se ser ao lado de alguém e assim ser amado e acompanhado. Beijar, abraçar, agarrar, transar - tudo isso é uma delícia. Mas, beijar com aquele beijo que você sabe que excita a pessoa, abraçar porque você só de olhar sabe que a pessoa não está bem, agarrar num lugar que você sabe que a pessoa nunca tinha imaginado e transar em todas as posições estranhas possíveis e poder dormir sorrindo depois, sem pensar no que o outro está pensando - eis o charme imprescindível da intimidade. Intimidade é conhecer e não apesar de, mas aceitando o que se é. Eu gosto da minha vida com gosto e cheiro de intimidade - seja cheiro de meia de chulé no meu cesto de roupas, seja escova de dentes molhada na bancada da minha pia ou a permissão para acordar descabelada, cheia de maquiagem borrada ou qualquer coisa. Até mesmo tenho absoluto tesão por pijamas, acho uma delíca que minhas amigas ouçam que eu falo sozinha dormindo, que meus amigos me visitem no hospital com meningite - e com cara de doente, e com aparência de doente, e sem nenhuma paciência para vaidades (sempre me sinto assim quando fico doente), acho maravilhoso compartilhar tristezas, vômitos e palavrões. Sossego desse mundo de aparências assim - deixando minha alma não pensar em frescuras por algumas horas, deixando minha alma colocar os pés em cima da mesa, bocejar e fazer coque no cabelo. Intimidade é a minha salvação ante a solidão. Intimidade, não é uma merda. Uma merda é o nosso medo do vínculo afetivo e amoroso, medo de coisas que nos permitam ficar e de que alguém nos conheça como somos - afinal, da porta para fora, todos são lindos, loiros,escovados e de mini-saia. Com essa concorrência utópica, como saber amar o chulé?



publicado por Juliana Correia às 16:29 | link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
Setembro 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

13
14
15
16
17
18

19
20
21
22
23
24
25

26
27
28
29
30


posts recentes

inferno astral

Descortinado

A arte do impossível.

Pouso.

Nanquim.

Brigitte Bardot

Sapatilhas.

Não é assim que a banda t...

Vulnerabilidade

História musicada auto-ex...

arquivos

Setembro 2010

Janeiro 2010

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

links
blogs SAPO
subscrever feeds