quando você chega, quase me fazendo reverência
eu pareço qualquer coisa sem referência
bibliografia, história-geografia, retórica e eloquência
(sem rumo, parecendo natural, me mirando na irreverência)
você e a sua doçura, havaianas na areia, eu de vestido de chita, total impaciência
as bicicletas passando, na praia, do samba uma cadência
eu canso de esperar por você - estico o braço, pego na tua mão
você parece assustado, me olha nos olhos - com teu corpo, teus poros - com atenção
eu sorrio olhando pro céu - que céu, que mar, que lindo tudo, isso, a gente, seu olhar
que me olha, olha, olha, não para de me fitar [encarar, escancarar, desabrochar]
como se eu pudesse fazer sentido, como se eu fosse tangível, como se desse pra explicar
e quando eu olho nos teus olhos, e me olho nestes mesmos olhos, meu Deus, o que falar?
parece que canta, que dança, balança, encanta, me janta... e eu nem saí do lugar!
uma cena tão trivial, gente sentada na areia num fim de tarde
e dentro de mim tanta coisa, tanta inconsistência, impossibilidade - um alarde (!)
dentro de você? não sei. talvez desejo, talvez o medo, talvez carinho - como vou saber?
me conta tua vida, tua história, teu caminho, fala sem parar de você
essa tua voz vai me conduzindo, vou me virando, eu só quero te encontrar e me perder
a sua voz de música eu silencio - te beijo devagar
a areia, o céu, a praia, as pessoas, as ondas... tudo parece moldura a nos enquadrar.
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