Sexta-feira, 28 de Março de 2008

Queria escrever um puta texto

desses que arrancam elogios e aplausos

aonde coubessem do mundo todas as texturas e sabores

aonde coubessem também minhas alegrias, dores, amigos e amores.

Queria uma métrica perfeita, as rimas infinitamente variadas

espaço para todas as enclises e mesóclises serem colocadas

uma poesia sem fim, com o poder do alento

trazendo sempre o conteúdo que o leitor precisasse ler naquele momento

quero as mais líricas metáforas possíveis

as hipérboles mais inadmissíveis

explorar as metonímias e suas categorias

honrando a gramática, esbanjando vocabulário, o contéudo exposto com sabedoria

queria esse texto histórico

alegre, triste, útil, romântico, bucólico

cheio de idéias, sutilezas, planos

agradando a gregos e troianos

se eu o escrevesse, mereceria um prêmio da estética

na rua me ovacionariam - oh, lá vai a poeta

...mas querer, infelizmente, não é mesmo poder.

hoje aqui, deixo apenas esse desejo do texto não escrito

(aonde foi a inspiração? desisto)

esse puta texto que eu queria escrever

não foi (ainda) hoje escrito para que você possa ler!

 


música Pato Fu - Por perto

publicado por Juliana Correia às 20:40 | link do post | comentar | favorito

5 comentários:
De Mila a 28 de Março de 2008 às 22:27
Se todos que leio por aqui já me são uns puta textos, imagina quando esse tal puta texto sair. Tenho até medo. Beijos minha Clarice Lispector.


De Hailton Andrade a 29 de Março de 2008 às 01:57
Fazia tempo que não vinha aqui. Então li os textos que deixei passar. Se não me arrependeria, pois poderia um puta texto deixar. Talvez você não assuma assim, mas cada texto seu é um novo aprendizado, juntando tudo você tem um puta trabalho.

Beijos! Desculpe a vulgaridade!


De Helio Lambais a 29 de Março de 2008 às 13:49
muito bom minha preferida.

"digo que só quero escrever você
seu sorriso, seu corpo, seu olhar
digo que só quero escrever um amor
onde caiba nossa alegria, onde desapareça a dor."

Bjus minha preferida


De Duda Bastos a 29 de Março de 2008 às 18:22
Aristóteles: "imortalidade é um mito e serve para os que restam vivos". E só. Grandes textos são os Haikais. Grandes textos são os épicos de Camões. Seu texto vive na grandeza do que você é. Clarice: "ao escrever, favor não deixar que as linhas esmaguem as palavras". É o capital do ser: se eu sou mais meu texto acompanha. Seu percurso está bonito. Vou ler seus outros textos.


De Vinicius a 30 de Março de 2008 às 15:57
Sei que você pode se reinventar sempre, mas já li vários puta textos por aqui e eu ficaria citando aqui durante um bom tempo. As vezes, é bem verdade, a inspiração acaba se perdendo, se dissipando. Decerto, não quero que isso aconteça nunca com voce, por conta de duas coisas: eu não consigo viver sem ler os seus maravilhosos textos e sem a sua criatividade constante.

Beijo dessa pessoa que te ama e que te admira.

=****


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