É, de novo você. Porque você não é qualquer um - mas todos os outros são quaisquer, se estamos falando de você. De novo você porque foi com você que vivenciei amor, intimidade, partilha, loucura e calmaria, amizade. Porque com você foi tudo. Porque foi muito. Porque se arrastou com o tempo que durou. Porque você nem fechava mais a porta do banheiro quando ia utilizá-lo. Porque você dizia que eu era orgulhosa e eu dizia que não era ; e tá bom, eu sou, e sou muito. Mas você também é. Ou era. Quem vai saber?
Porque não é você por você, você por você é tão humano e passível de erro (ah, e quantos erros) quanto todos os outros manés que passaram rápido - mas você soube ficar. E pelo tempo que ficou, soube significar. E dizem as teorias que eu estudo ás sete e trinta da manhã que só existe para nós aquilo que significamos. E eu te signifiquei, e você soube se significar, e assim você vai existindo em mim desta maneira tão louca - um pouco congelado dentro de um mar fermentando mudanças que sou eu. As vezes te amo ainda, e me pego pensando "ah, o que será que ele falaria se me visse bem agora, agindo desse jeito perante esta situação?". As vezes nem ligo que você existe, e nem te amo e nem direciono um pensamento pra você. E me pergunto - renegar também não é absorver? Sou resiliente a você. E vulnerável. E depois resiliente de novo - a mim, a você, as lembranças dos sentidos e sentimentos que você me despertou.
Me sinto cansativa. Sempre escrevendo sobre você. Palavras ora de raiva, ora de aprendizado, ora de amor, ora de recalque. Mas todos os "oras" são tua hora! Não falo mais de você - só no divã, mas não é de você, é de mim em interação com o significado que eu dou a você. Escrevo sobre esta perspectiva também. Você é nada - e eu te amo. Você é nada e eu não te amo. Você não é mais uma pessoa. Não é mais uma pessoa que odeia dormir com calor. Não é mais uma pessoa que fala merda na mesa do jantar. Não é mais uma pessoa que faz surpresas românticas. Você é um nada. O que eu quiser que seja, como eu quiser que seja, como me convier lembrar, te ler, te significar. Eu dependo de você e você de mim - para ser lembrado, talvez. E pior - significo todos os outros superfluos, todas as vicências banais, toda a efemericidade que eu absorvo inerte e com desinteresse- o que mais poderia fazer? - significo através de você. Comparações, objeções, o que você faria, o que você pensaria...É, de novo você. Eu sinto como se tivéssemos pendências a resolver, mas não aguentaria te encontrar em vidas futuras. Assumo as consequências que a vida me impõe - não futuco teu orkut, não passo meu carro pela tua rua, não uso o tipo de roupa que você gosta e não te ligo - fims são fims e eu sou bem-resolvida com isso. Mas alguma hora vamos ter que acertar as contas...
E a vida anda ótima, e as coisas funcionam, e eu cuido de mim. Mas e você? De novo, você...
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