Terça-feira, 18 de Março de 2008

Eis que o surge a questão do mundo moderno

(tanto do cruel quanto do fraterno)

quantos paradigmas iremos quebrar?

sob que expectativas saberemos caminhar?

não, já não tem jeito

eis a era do sujeito

do sujeito objeto

banal e crucial - homem erectus

o sujeito objeto que modifica e é modificado

que chora a dor alheia ou que por ela é culpado

o sujeito que atinge e é atingido

em igual medida, talvez pra ter sentido

de se sujeitar a ser sujeito e só

pra quebrar certezas até só sobreviver a de que será um dia pó.

lá vem ele, homem banal

hedonista, narcisista, julgando-se especial

tudo pra hoje, tudo pra agora, tudo pra si

o que quero, o que preciso, o que posso conseguir

que danem-se os outros, que os outros corram

que cada um mereça o que tem ou que morram

indivualizante individualizado indivíduo?

é a geração umbigo.

ninguém sabe quem é

e ninguém pode pegar no pé

ninguém também quer descobrir

alguém ainda tem objetivo a prosseguir?

ligo a televisão, trabalho demais

aceito todas regras, para poder descansar em paz

o que eu não quero é ter tempo de me questionar

de com as minhas frustrações, incertezas, inquietações ter de me encontrar.

ó homem da contemporaneidade

Deus supremo da era da vaidade

vendeu-se, perdeu-se, e nem percebeu

só conjuga na primeira pessoa - tudo eu, eu, eu.

...mas por outro lado, se sente sozinho e frágil

procura mais o analista, tem mais patologia e menos presságio

é o preço que se paga pela escolha

por ignorar a árvore e se vangloriar folha

por querer ser o tudo que não se auto-conhece pra ser

por já não buscar o que não sabe entender

passa tempo, tempo passa

passam as modas, caem as carcaças (e carapaças)

quem não sabe sê-lo, não pode fazê-lo

e o mundo moderno não tem zelo

ele exige - homem máquina, mulher bonita

trabalho, lucro, beleza, prazer - conquista.

se você não anseia por isso? pirou de vez.

vai ser excluído, julgado - vezes uma, duas, três.

 

eu me pergunto: de que adianta ser sujeito-alguém- o tal

se já não se lida, se trabalha, para ir além do banal?

de que adianta tantas coisas a serem maturadas em si

se não existe a coragem de se descobrir?

calce seu nike, vá para a festa, beije as meninas

para viver esta realidade? só da alma fechando as cortinas.

 

 

 


música Lenine - Ecos do ão

publicado por Juliana Correia às 21:23 | link do post | favorito

De Vinicius a 19 de Março de 2008 às 16:55
Desculpa comentar novamente no mesmo post, mas não pude resistir.

Quando li o seu texto, percebi que eu já havia pensado nisso em outro momento e consegui me lembrar. Certa vez, eu estava assistindo "O Talentoso Ripley", filme dirigido pelo Anthony Minghella, que infelizmente faleceu ontem. Ele pode ser pelo filme "O Paciente Inglês", vencedor de 9 Oscars, incluindo Melhor Diretor. Estou inclusive fazendo uma crítica sobre este filme, como uma dedicatória ao diretor.

Mas, enfim, voltando ao o que eu queria dizer. Chega um momento no filme "O Talentoso Ripley" em que ele diz: "melhor ser um falso alguém do que um ninguém de verdade". A partir disso, existe uma relação muito forte com isso que você escreveu, porque o consumismo hoje lidera o Mundo. As pessoas estão sempre preocupadas em comprar um tênis melhor, um computador melhor, um carro melhor, roupas melhores. É, na verdade, o que a indústria deseja, que existam cada vez mais consumidores porque isso fortalece ela.

O Tom Ripley, a partir do momento em que rouba várias identidades, para tentar ser uma pessoa que ele não é, com características que ele não tem. Então, a partir da premissa em que estamos em busca de coisas melhores, desse consumismo exacerbado é, no minímo, para ser, talvez, uma pessoa que não somos ou para mostrar para alguém que nós também podemos ter tal coisa.

Não sei deu pra entender, mas enfim. Vou parar por aqui... beijo!


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