É a impressionante sucessão de dias felizes e tristes que faz a vida. É a impressionante sensação de buscar, conquistar, renegar, ir adiante, talvez voltas atrás, talvez ir bem pra frente. Essa é a arte de viver. Viver e se saber vivendo mesmo um não saber, como dizia Clarice. Um não saber conduzir esperanças, frustrações, desejos, medos. Um não saber dividir as coisas, com medo do que deve ser dito e do que deve ser silêncio. É um não saber o que se passa na mente alheia, se o que te foi bom também agradou. É um não saber o que fazer ou até como não saber. E enquanto vamos indo, não sabendo, simultaneamente, estamos indo e vivendo!
Não saber é bom e ruim. É lírico e angustiante. Cada passo que vamos dando pra frente, na ponta dos pés, com um medo absurdo de que nos empurrem de volta para trás, cada espaço do pé indo tocar o chão, achando uma posição, se encontrando...é uma delícia. É loucamente gostoso buscar segurança na insegurança - quando se está confiante. É um árduo serviço lembrar que o caminho se faz com um passo por vez, e que a partir do primeiro passo é que se saberá o ritmo dos próximos passos. Serão passos rápidos? Sozinhos? Pesados? Divididos? A que passo levarei a minha vida de incertezas?
Isso também é não saber.
E quando a gente já não sabe de mais nada e sente muito medo - da gente, dos outros, das nossas paranóias (ou não) e das coisas que a gente nem pode falar, aí a gente pega um livro gostoso e vai andando sentar embaixo de uma arvóre para ler. E acha um sorriso gostoso como que dizendo "ter fé e ver coragem", como que lembrando "que apesar de você amanhã há de ser outro dia" e segue misturando sensações e sentimentos tão discrepantes, tão antagônicos num mesmo texto.
Agora, deixa eu ir para a minha arvóre...
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