Fora da janela, além das cortinas se balançando ao vento
Um sol se impõe ( e se põe)
Debaixo dos lençóis brancos, você dorme
Com magras mãos de alento
Com ruivos cabelos compridos
Com olhos de bicho desconfiado
E sardas e lágrimas que dão o tom
que dão as cores, que são o desenho do meu dia-a-dia
migalhas do que me guia - tua tisteza e tua beleza.
O breu inunda o quarto
Eu tomo banho de silêncio -
Tudo que eu não vi, não sei, não pude, não quis
Tudo meu, tudo não me pertente e me constitui, tudo por um triz -
eu por um triz.
No escuro, sem você, no silêncio, na calada da noite
Faço um samba mental
E me dispo de mim -
Só posso me ver não me vendo.
Só poss me ser não sendo.
Adormeço.
Vou acordar com a sua mania de cantar um samba matutino...
Eu sei.
"Cantando eu mando a tristeza embora..."
E eu também.
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