Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

. Preciso me acostumar com essa coisa que meus sentimentos agora tem horário comercial pra se valerem - não posso ser loucamente apaixonada na hora de apresentar um seminário, nem confusa ou triste nas vesperas de prova. Um beijo pra você, sistema capitalista de produção. E outro pra você, sociedade do conhecimento. Me add no orkut.

 

. Preciso aprender urgentementemente o que fazer comigo quando eu não sei o que fazer comigo. Preciso parar de ter essa cabeça de idéias que parecem um (como bem definitu Martha Medeiros no livro Divã) carro procurando vaga - roda, roda, roda, roda, incessantemente, não para e quando acha um lugar pra estacionar, logo vem o guardinha dizendo que ali o carro não pode parar. Preciso de descando da minha inconstância, da minha incapacidade de manter as idéias e os pensamentos estagnados, desse meu jeito de pensar sobre como os outros se sentem perante as coisas que eu faço.

 

 

 

-

 

Sem você, Arnaldo Antunes

 

"Para onde vou agora livre, mas sem você?
Pra onde ir, o que fazer, como eu vou viver?
Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, mas chove sempre agora sem você.
Sem você, sem você, sem você

Às vezes acredito em mim
Mas às vezes não
Às vezes tiro meu destino da minha mão
Talvez eu corte o cabelo
Talvez eu fique feliz
Talvez eu perca a cabeça
Talvez esqueça e cresça sem você
Sem você, sem você, sem você

Pra onde vou agora sem você?

Talvez precise de colchão
Talvez baste o chão
Talvez no 20º andar
Talvez no porão
Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda sem você
Sem você, sem você, sem você

Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda sem você
Sem você, sem você, sem você"

 

 

 

 



publicado por Juliana Correia às 17:46 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Terça-feira, 26 de Maio de 2009

Chega a ser engraçado até, mas quando a gente está vivendo e se interessando pelas coisas acaba não se dando conta do ataque que é o cansaço se impregnando em nós.  Eu sempre me sinto cansada - de algo, de mim, de todos. E muitas vezes me contento em saber do meu cansaço e não agir de acordo com ele. Mas chega, inevitavelmente, uma hora em que a questão se coloca. Numa vida que é a dois, quando um não quer andar e você não quer ficar parado, só te resta andar sozinho. Sentir a brisa. Olhar as folhas no chão. E saborear a culpa do cão de ter assumido o seu desejo e fazer o que você queria fazer, e só se comprometer com você. Tem uma hora que você fica muito cansado de tanto imaginar coisas e se fechar com seus pensamentos, mas quando você resolve sair pro mundo.. tudo que você vê te desagrada, nada que você vê te consola ou te encoraja. Não sei vocês, mas eu sou do tipo que faz da coragem combustível. Até se desenvolve dentro do motor, mas se não vier de fora, não ferve dentro e o carro não anda. Não sei dar outro jeito. Tô cansada de me sentir a babaca que estende a mão e oferece, oferece, oferece - coisas que, ora você recusa, ora você aceita. Quase nunca reconhece. Quase nunca se preocupa em pra variar, oferecer você e me permitir receber. Eu deixo faltar. Eu vou deixar faltar; acredite. Já cheguei num ponto de disposição que conversar me cansa e me irrita, e quando algo que eu amo me faz mal é porque é tempo de apelação. E tempo de apelação vai além da instauração da falta, ela vira eminência. Pra não me faltar em mim, preciso me faltar pra você.  Dessa vez eu não quero me desculpar por isso. Eu tô cansada de me desculpar, de me explicar, de me policiar. Eu quero ganhar em troca, desculpe. Sou tão egoísta quanto qualquer ser humano. E não quero sentir muito por isso. Eu quero sentir muito e sem freio, mas isso são outros quinhentos. Se eu falo, pareço pedindo que você fala algo. Se eu não falo, fico no escuro sozinha com esses pensamentos, e concluo sozinha o que fazer com ele.

Eu tô cansada de não saber, também.


música Chico Buarque - Não sonho mais

publicado por Juliana Correia às 15:33 | link do post | comentar | favorito

Terça-feira, 19 de Maio de 2009

Quando o peito se aperta não tem jeito: a voz não sai, as horas se esticam compridas, o tempo pirraça e parece não passar, as interrogações viram tratores megalomaniacos que fazem questão de derrubar todas as paredes seguras. O coração bate rápido demais, a estagnação domina o corpo físico e também a alma que habita o interior, as mãos suam, o calor se instala, a tossa engasga e as lágrimas descem jorrando.

A angústia é um não saber psiquico-emocional que se imprime em toda a extensão do corpo para que todos possam ver. Ela não tem motivo pra começar, mas depois que inicia sua bola de neve cada vez mais redonda morro abaixo, nada passa ileso - tudo vira questionável.

 

Tempo, tempo, tempo, mano velho - passa rápido e segura essa vai, por favor.



publicado por Juliana Correia às 22:43 | link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 11 de Maio de 2009

Tem uma hora, quando você faz análise, muita análise, muita auto-análise até do lado de fora do divã que acontece o ineitável (inevitável?): ficar de bode com a não-análise alheia. Com o amigo que não sabe o que quer, com o namorado que não questiona se é ele que de fato está escolhendo o que está escolhendo e mantendo aquelas mesmas escolhas a que custo, com a mãe que não encara as coisas ou com a amiga que não busca a raiz das coisas, de verdade. Chega uma hora que não dá pra viver de superficialidade, de utilidade, de possibilidade.

A maior arte, pra mim, é a do banal: filmes, livros, quadros, ensaios, roteiros, humoristicos.. que falem da coisa mais simples e mais complexa de todas: o dia-a-dia. Acordar atrasado e fazer o café, perder as chaves do carro, descobrir uma traição, ser assaltado, ser invadido por uma paixão louca, um amor acabando, uma briga de família, um choppinho no fim da tarde, um bode enorme de tudo porque a conta do banco tá devedora, a morte de um amigo, o recebimento de umas flores - tudo isso parece tão simples que muitas pessoas não se dão conta do quanto isso é essencial na nossa constituição, o quanto na verdade nos somos a partir dessas coisas que acontecem enquanto a gente planeja um mestrado, o que vai falar na reunião de negócios, praonde viajar nas férias ou qualquer coisa que o valha. A arte de ver o mundo com outros olhos é pra mim a mais sublime, a mais dificil e a mais valorizada. Preciso me casar com um homem super-muito-mega analisado. Preciso fazer muita analise. Preciso continuar com esse desejo de descortinar, de entender que algumas coisas não descortinarão, de me saber, de me buscar inclusive no que não vou alcançar. Preciso pensar sobre a eminência da morte enquanto viva, preciso entender porque eu não consigo vomitar e porque preciso pedir desculpas até se eu respirar. Preciso entender porque essa impossibilidade em me crer digna do amor/admiração de qualquer pessoa e dessa sensação de farsa que me persegue. Pra entender porque a dificuldade em dar fim ao que obviamente não presta - ao que contraria o que eu tenho de mais importante: as ideologias.

Existem coisas muito mais corajosas do que se deitar num divã, eu sei.

Mas deixa eu curtir a dor e a delicia de ser o que eu sou.

 

 



publicado por Juliana Correia às 21:13 | link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 6 de Maio de 2009

nosso signo, nosso laço
todo dia eu faço
(e re-faço, porque não?)
quando penso meus braços em teus braços
eternizados,n'um poema ou n'um dedilhar de violão baixinho

nosso destino
eu traço
enquanto persigo a tua trama
no sossego de uma rede
depois de um abraço
ou rolando na cama, depois do sargaço
salivando a sede
que não cede
curtindo o cansaço.

cola tua boca no meu ouvido
e me conta as histórias
cola tua mão na minha mão
e me dá sentido e me dá custódea
cola tua vida na minha vida
e me dá certeza e solicitude
cola-te em mim
que de te amar como pude
estanquei o coração
pra morrer um pouco menos, morrendo na emoção.



publicado por Juliana Correia às 00:26 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Segunda-feira, 4 de Maio de 2009

Eu estou suando e tremendo. Podia ser febre, mas não é. Todo mundo me acha comunicativa, todo mundo me sabe verborrágica, todo mundo acredita que eu sei falar as coisas do jeito certo. Mas com você não. Com você tudo que é abstrato e simbólico cai no real - eu passo mal. As coisas que eu não consigo dizer, fazem bolo no meu estômago e me deixam enjoada, buscando uma maneira de saírem de mim a qualquer custo. As coisas que eu penso e doem, me dão dor de cabeça. A ansiedade de te ver, me faz tremer.

A verdade é que eu me perco um pouco de mim quando chego bem perto de você. Deve ser a mistura do seu cheiro de shampoo com perfume. Deve ser o toque da sua mão na minha. Devem ser as boas conversas que temos. Eu podia tomar café de meias sentada no sofá da sala com as pernas levemente arqueadas na tua companhia. A gente podia morar numa livraria digna de Arnaldo Antunes no documentário Palavra Encantada. A gente podia ver todos os filmes nerds e eu podia dormir em todos eles e acordar azucrinada e a gente daria risada. A gente podia tentar cozinhar um jantar romântico num dia de semana qualquer que não fosse data especial de nada. E podia fazer um piquenique na praça. E você podia me ensinar a andar de bicicleta. E a gente podia viajar e passar um fim de semana super antropologico em alguma praia ainda não tão descoberta. Você podia aprender a costurar enquanto eu acharia a receita mágica do café perfeito. A gente podia afastar os móveis, jogar stop. jogar twister, jogar detetive. A gente podia fazer sopa de saquinho, colocar na caneca e ficar de pijama (e eu de coque) vendo o fantástico. A gente podia usar as nossas roupas de velho nerd pra ir na locadora ou na padaria, ou pra ir pro shopping resmungar que está muito cheio e que tudo é muito caro. A gente podia ir com caixas de chocolate pro cinema do museu. Podíamos dublar com falas ridiculas e descordenadas algum filme que tivesse passando na televisão. Eu podia fazer mil roteiros imaignativos tipicos de mim e você podia ficar só rindo depois de um dia cansativo na faculdade. A gente podia tanta coisa...A gente pode tanta coisa. A gente pode ser feliz, porque a gente acredita na felicidade dessas besteiras. Eu acredito muito.

Um texto sem fim, pra que nossa história também assim ainda seja. Um texto que fale do recheio que entermeia o começo da história com o 'felizes para sempre'.

 



publicado por Juliana Correia às 00:26 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

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