Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007

1 - Eu fico com o Carlos Drummond de Andrade

2 - Por mim, fique a vontade. Nem gosto das poesias dele, na verdade.

1 -  Dele? Você não lê poesia nenhuma. Nada que seja arte...

2 - Te deixo todos os livros desta estante então, por caridade.

 

1 - A caixa de dvds de Woody Allen que você me deu, posso ficar?

2 - Quero os copos de whisky e os quadros da sala de estar.

1 - Quero os cds da tropicália, o rádio relógio e os filmes do Goudart. O resto é teu, pode levar.

2 -  Muito bem. Estamos acertados. Não vejo porque me prolongar.

 

E ele vai embora, atravessando a porta com seu casaco de couro

Sem me deixar espaço pra despedida, abraço, choro

Sem as conversas, os abraços, tudo diferente - afinal, conversar comigo é "impossível"

já que meu sentimentalismo é banal, que minha intensidade tudo atrapalha - sou "inadimissível"

 

Tudo em mim ele acha drama

Não me respeita como uma dama

Fica a dever na cama

Mas, é por ele que meu coração se derrama...

...e por ele que minha poesia se declama!

 

 

( e todo ciclo

tem fim e recomeço

ele se foi, aos tropeços

que venha o futuro )

 

 

 

 

 Último post de 2007! Feliz 2008 pra todo mundo! Beijos!!!!!!

 


música Rodrigo Amarante - Obsessão

publicado por Juliana Correia às 18:22 | link do post | comentar | ver comentários (4) | favorito

Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007

Eu já quis dizer tanta coisa - para mim, para você

Mas não adianta nada.

Cada palavra que eu sussuro pra mim:

"- como fui burra! que idiota! ele deve estar feliz!"

Enche de culpa

E desautoriza meu coração a chorar

a tua ausência, a minha angústia, esse nosso já-não-é-não-será.

Você sorri, eu desisti

De entender o amor efêmero

o amor em si, a vida, você

 

Ontem éramos pra sempre

E hoje, não mais que de repente

Você não está mais aqui

Nada seu está.

nem seu pensamento mais remoto

seu toque, seu sorriso, sua preocupação

Mas seu cheiro continua comigo

E você é o segredo que lacro no meu coração.

 

Eu corro a caneta, correm as lembranças

Alegria, briga, cumplicidade, dança...

Avanço, volto, avanço, volto

Quem vive de passado é museu

Mas que futuro tenho eu?

Se você realmente vai, então vá rápido

Porque sua presença é constante ( e fria, gelada, ácida, inaplacável)

E já não me permite ficar sozinha.

 

Para que fizemos tanta jura

tanta loucura

por amor?

Eu queria não me arrepender de nada, mas as vezes me arrependo

Pensar que cada sorriso

outrora a mim dirigido

arranjou outro lugar pra se guardar

outra inspiração pra se mirar

pensar que seu desejo tão ardido

não mais em mim explodirá

nem eu serei mais a responsável por o despertar

 

Foi fácil me substituir?

Porque o seu buraco vazio ainda está aqui...

Só queria que você soubesse, ao fim

Que achei que seriamos eternos cúmplices

e que mesmo depois do fim, ainda esperei e acreditei nisso por um tempo

o óbvio que já não via, meus olhos só viam o que o coração queria

E que o mundo inteiro seria sempre nós dois

Você foi o amor da minha vida

e na hora da despedida

só me restou chorar.

(pena que a despedida eu faço as poucos, a cada dia

sua ausência, sua partida, minha ferida...)

 



publicado por Juliana Correia às 23:49 | link do post | comentar | ver comentários (5) | favorito

Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2007
Para o Zé

Adélia Prado

Eu te amo, homem, hoje como
toda vida quis e não sabia.
Eu que já amava de extremoso amor
o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos
de bordado, onde tem
o desenho cômico de um peixe — os
lábios carnudos como os de uma negra.
Divago, quando o que quero é só dizer
te amo.
 Teço as curvas, as mistas
e as quebradas, industriosa como abelha,
alegrinha como florinha amarela, desejando
as finuras, violoncelo, violino, menestrel
e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito
pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo
o teu coração, o que é, a carne de que é feito,
amo sua matéria, fauna e flora,
seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas
perdidas nas casas que habitamos, os fios
de tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo
pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto:
“Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas
o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não
ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros”.
Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama
fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.
Te alinho junto das coisas que falam
uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como
o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece,
tira de mim o ar desnudo, me faz bonita
de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega,
me dá um filho, comida, enche minhas mãos.
Eu te amo, homem, exatamente como amo o que
acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando
os panos, se alargando aquecido, dando
a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho.
Amo até a barata, quando descubro que assim te amo,
o que não queria dizer amo também, o piolho. Assim,
te amo do modo mais natural, vero-romântico,
homem meu, particular homem universal.
Tudo que não é mulher está em ti, maravilha.
Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos,
a luz na cabeceira, o abajur de prata;
como criada ama, vou te amar, o delicioso amor:
com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso,
me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta dele
seu beijo.
Ps. Isso que é poema de amor não clichê-lindo. Porque em Dezembro eu fico sentimental ;)

música Orquestra Imperial - Obsessão

publicado por Juliana Correia às 20:56 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007

Você me disse

Que o amor é triste

 

Mas você vive querendo,

voltar ao passado ou se adiantar pro futuro

Pra viver um amor que já não se faz presente

(pra aquele velho amor voltar...)

 

Você me disse

Que quando o amor existe

O que não existe é dor pra se chorar.



publicado por Juliana Correia às 15:39 | link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

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